segunda-feira, 16 de novembro de 2015

sou eu

sussurro muito baixinho que gosto de ti. parece que não ouves, mas sentes. não é da voz que me saem as palavras, é da alma e de mansinho, é a alma feita voz, reivindicando a sua percentagem de condição humana. gosto de ti, e este gostar envolve-te em pedacinhos de algodão, beija-te na testa, tacteia o teu rosto, passeia as pontas dos dedos pela tua mão.

a minha alma hoje dá-se os direitos do corpo, e quando estiveres a dormir, vai enroscar-se nos teus braços, num aconchego morno. tu nem vais dar por ela, vais pensar que é um sonho e sorrir. sou eu.


Ana Paula Esteves

domingo, 15 de novembro de 2015

Hoje dói-me pensar,
dói-me a mão com que escrevo,
dói-me a palavra que ontem disse
e também a que não disse,
dói-me o mundo.
Há dias que são como espaços preparados
para que tudo doa.
Só deus não me dói hoje.
Será porque ele não existe?
Roberto Juarroz
Não sou boa com números. Com frases-feitas. E com morais de história.
Gosto do que me tira o fôlego. Venero o improvável. Almejo o quase impossível.
Meu coração é livre, mesmo amando tanto.
Tenho um ritmo que me complica.
Uma vontade que não passa. Uma palavra que nunca dorme.
Quer um bom desafio? Experimente gostar de mim.
Não sou fácil. Não colecciono inimigos.
Quase nunca estou para ninguém. Mudo de humor conforme a lua.
Tenho o desassossego dentro da mala.
E um par de asas que nunca deixo.
Às vezes, quando é tarde da noite, eu viajo.
E procuro respostas.
Ontem, eu perdi um sonho. E acordei a chorar.
Bonita mesmo é a vida: um dia, quando menos se espera, se supera.
E chega mais perto de ser quem na verdade é.
Fernanda Mello

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Preciso de um homem, admito.
Nem é necessário ser bonito e elegante, extrovertido e
Inteligente. Nem sequer preciso de me apaixonar por ele,
Amá-lo loucamente, casar e ter filhos.

Só preciso dele, como homem.

Preciso que me dê atenção, me massaje as pernas cansadas
E me faça “cafunhé” na cabeça até adormecer. E depois,
Quando acordar, que me beije e me traga um pequeno-
Almoço reforçado, que me prepare a banheira para trinta
Minutos de esquecimento e me ofereça uma peça de
Roupa nove.
Não quero que me oiça atentamente, que me compreenda,
Me aconselhe.

Preciso que seja como um saco de boxe, para poder
Descarregar nele, sem remorsos, toda a raiva energizam-te.

E não me acusem de violência doméstica e, já agora, quem
O dizer, que atire a primeira pedra como nunca teve vontade
De aliviar a pressão. (pois, bem me parece…)

Ele não tem que ser doutorado, não precisa sequer de saber
Ler ou escrever; basta dar-me o seu instinto animal e fico
Feliz…

Mas quem tento enganar?
Eu preciso é de uma mulher!

segunda-feira, 2 de novembro de 2015